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sexta-feira, 25 de março de 2011

Pôr-do-sol na rodovia

Mais uma vez, fim de tarde, o rapaz aqui correndo para pegar o ônibus pro trabalho, mas dessa vez com alguma sobra de tempo. Meio distraído pelo caminho, sem pensar em nada muito específico, apenas absorto em diversos pensamentos que se diluíam para dar espaço a outros, num ciclo interminável... Tanta coisa para pensar: vida, amores, amigos, família, trabalho, contas a pagar, trânsito, mais contas a pagar, diversos problemas a resolver...

Ao chegar ao ponto de ônibus, tentando olhar ao longe, buscando identificar a possibilidade de meu ônibus estar a caminho, desvio meu olhar, aleatoriamente, e me deparo com uma nuvem. No entanto, não era uma nuvem branca de céu azul, nem mesmo uma nuvem negra anunciando chuva. Era uma nuvem brilhante, branca, cinza, com uma ponta de um dourado resplandescente de um sol que se escondia por trás dela. Algo despertou dentro de mim, ali parado à beira da rua, algo tênue, intangível, fulgaz... Minha primeira reação foi pegar o celular para tirar uma foto daquela prova de um interessante entardecer, mesmo sabendo que as lentes simples da câmera não captariam a imagem com a mesma riqueza captada por meus olhos, ainda menos se comparada ao que enxergava minha alma!

E fiquei pensando, sentindo, refletindo próximo aos carros que passavam sem cessar. Era curioso notar meus pensamentos antes daquilo, perceber a pressa dos veículos correndo na distância do asfalto, em oposição à calma que aquela nuvem brilhante me despertou.

Na verdade, aquela nuvem me trouxe a memória um trecho de uma peça interpretada numa capítulo de uma série que assistia quando adolescente, mas que voltei a assistir novamente agora: a série Anos Incríveis. Excelente série, que sempre me faz refletir. Mas, enfim...nessa cena, a garota interpretava, no teatro da escola, uma mulher que havia morrido e tentava se comunicar com os vivos. Ao final, ela se perguntava por quê os vivos não conseguiam apreciar cada segundo de sua existência, com a beleza que havia em cada momento, em cada respirar, em cada acontecimento simples da vida, mas que de simples também eram tão poderosos.

E, assim, fiquei ali a pensar nessa coisas simples da vida, em como nos preocupamos demais com todos os pequenos detalhes complexos do viver, a ponto de nos esquecermos de simplesmente viver, e aproveitar a vida. De tão ocupados e apressados, nunca nos deixamos descansar a mente e sentirmos o mundo a nossa volta. Busquei, por algum tempo após aquilo, tentar enxergar um pouco dessa beleza de viver, fiz um pouco de força para isso. Busquei tentar enxergar a beleza de cada coisa, de cada pessoa nesse mundo, que cada um de nós, que cada parte dessa criação do Universo tem seu valor, sua beleza própria. Todos temos nossos sonhos, nossos medos, nossos desejos, nossas preocupações... E em algum ponto de nossas vidas, nos deixamos dominar por apenas a tarefa de chegar de um ponto a outro, esquecendo de aproveitarmos o caminho que percorremos...

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